
O Lúpus é uma doença autoimune que atinge mais de 5 milhões de pessoa no mundo. Chamada também de doença oportunista, pois se aproveita de estados emocionais e físicos nos quais o corpo fica mais vulnerável, como por exemplo, em situações de crises familiares ou pessoais como separação, demissão, luto, emagrecimento excessivo ou privação do sono, além de outros eventos não menos importantes.
Segundo a revista “Saúde Plena” documentos históricos relatam que o médico italiano Rogerius (1120 – 1195) foi o primeiro a usar o termo Lúpus (lobo, em latim) para descrever lesões faciais erosivas que observou em algumas das pessoas que atendia. Para o mestre da Escola de Medicina de Salerno, as erupções avermelhadas no rosto assemelhavam-se a mordidas de lobo ou, segundo outra versão, deixavam o paciente com uma aparência semelhante à do animal. Outras bibliografias descrevem as lesões do rosto com um grande parecido as asas de uma borboleta, é esse o motivo pelo qual na hora de falar do Lúpus, muitos usam a imagem de uma borboleta. Embora os avanços no conhecimento médico tenham eliminado alguns mitos a respeito do Lúpus e esclarecido muitos aspectos da doença autoimune, na qual o corpo produz células imunes que atacam o próprio organismo, ainda há muito desconhecimento da população sobre a doença, o que reforça estigmas sobre os pacientes, encontrando na atualidade muitas pessoas com muitas duvidas ao respeito.
Conteúdo:
Doença autoimune
Uma doença autoimune é uma condição que ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo por engano. Dentre as mais de 80 doenças autoimunes conhecidas, o lúpus é uma das mais importantes. Existem outras, que serão tema proximamente.
As causas das doenças autoimunes ainda são desconhecidas. A teoria mais aceita é que fatores externos estejam envolvidos na ocorrência dessa condição, principalmente quando há predisposição genética e o uso de alguns medicamentos, na atualidade muitas bibliografias adicionam o fator stress como um dos fatores de risco mais comum. Mas ainda temos muito para descobrir sobre o Lúpus.
A maioria das doenças autoimunes são crônicas, mas muitas podem ser controladas com tratamento. Os sintomas das doenças autoimunes geralmente são intermitentes, ou seja, podem aparecer e desaparecer continuamente.
O que é LÚPUS
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune. Os sintomas podem aparecer em diversos órgãos de forma lenta e progressiva, já seja em alguns meses ou mais rapidamente, apenas em semanas e variam com fases de atividade e de remissão. São reconhecidos dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta com manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas e daí o nome lúpus eritematoso), principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar, e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos. Por ser uma doença do sistema imunológico, que é responsável pela produção de anticorpos e organização dos mecanismos de inflamação em todos os órgãos, quando a pessoa tem LES ela pode ter diferentes tipos sintomas em mais de um órgão e/ou sistema do corpo.
Tipos de Lúpus
• Lúpus Discoide: esse tipo de lúpus fica limitado à pele da pessoa. Pode ser identificado com o surgimento de lesões avermelhadas com tamanhos, formatos e colorações específicas na pele, especialmente no rosto, na nuca e/ou no coro cabeludo.
• Lúpus Sistêmico: esse tipo de lúpus é o mais comum e pode ser leve ou grave, conforme cada situação. Nessa forma da doença, a inflamação acontece em todo o organismo da pessoa, o que compromete vários órgãos ou sistemas, além da pele, como rins, coração, pulmões, sangue e articulações. Algumas pessoas que têm o lúpus discoide podem, eventualmente, evoluir para o lúpus sistêmico.
• Lúpus induzido por drogas: essa forma do Lúpus também é comum e acontece porque substância de algumas drogas e/ou medicamentos podem provocar inflamação com sintomas parecidos com o Lúpus Sistêmico. No entanto, a doença, nesse caso, tende a desaparecer assim que o uso da substância terminar.
• Lúpus neonatal: esse tipo de lúpus é muito raro, afeta filhos nascidos de mulheres que têm lúpus, geralmente durante a primeira etapa da vida. O recém-nascido pode ter erupções na pele, problemas no fígado ou baixa contagem de células sanguíneas, mas esses sintomas tendem a desaparecer naturalmente após alguns meses.
Causas
O que causa a doença lúpus?
O lúpus ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói alguns tecidos saudáveis do corpo. Não se sabe exatamente o causa esse comportamento anormal, mas pesquisas indicam que a doença seja resultado de uma combinação de fatores, como hormonais, infecciosos, genéticos e ambientais.
Esses mesmos estudos mostram que pessoas com pré-disposição ao lúpus podem desenvolver a doença ao entrar em contato com algum elemento do meio ambiente capaz de estimular o sistema imunológico a agir de forma errada. O que a ciência ainda não sabe é quais são todos esses componentes. Os pesquisadores, no entanto, têm alguns palpites:
• Luz solar: a exposição à luz do sol pode iniciar ou agravar uma inflamação preexistente a desenvolver lúpus
• Infecções: Ter uma infecção pode iniciar lúpus ou causar uma recaída em algumas pessoas
• Medicamentos: lúpus também pode estar relacionado ao uso de determinados antibióticos, medicamentos usados para controlar convulsões e também para pressão alta. Pessoas com sintomas parecidos com os do lúpus geralmente param de apresentar quando interrompem o uso.
Fatores de risco
O lúpus não é uma doença comum e que tenha fatores de risco pré-determinados, uma vez que pode se manifestar em pessoas de qualquer idade, raça e sexo. No entanto, existem algumas situações que podem facilitar, de alguma forma, a incidência de lúpus:
• Gênero: a doença é mais comum em mulheres do que em homens, mas pode se manifestar em ambos os sexos.
• Idade: a maior parte dos diagnósticos de lúpus acontece entre os 15 e os 40 anos, mas pode surgir em qualquer faixa etária.
• Etnia: lúpus é mais comum em pessoas afro-americanas, hispânicas e asiáticas. Além disso, a incidência do lúpus chega a ser três a quatro vezes maiores em mulheres negras do que em mulheres brancas.
• Fatores ambientais: Tabaco, radiação ultravioleta presente na luz solar ou em outras fontes, álcool, estresse, cosméticos e algumas vacinas.
• Fatores hormonais: Contraceptivos com estrógeno ou terapia de reposição hormonal.
• Fatores infecciosos: Citomegalovírus, Epstein-Barr e Parvo vírus.
Manifestações clinicas
Caracteristicamente, os pacientes com Lúpus passam por períodos de maior atividade da doença e períodos de remissão, ambos podendo ocorrer espontaneamente. As razões para o curso variável dessas manifestações ainda não estão esclarecidas. Sabe-se que algumas circunstâncias induzem exacerbações, como reações a drogas, infecções e exposição solar intensa.
Os sintomas agudos ocorrem como consequência de “ataques imunológicos” aos órgãos afetados, já as complicações tardias são atribuíveis tanto à própria doença como ao seu tratamento, que envolve muitas drogas com vários efeitos colaterais (como os corticoides, por exemplo). As manifestações clínicas do lúpus variam muito, já que a doença pode acometer diferentes órgãos e sistemas em diferentes momentos, constituindo um desafio diagnóstico para o médico (especialmente em sua fase inicial).
Alguns dos sinais e sintomas iniciais mais frequentes são: inflamação das articulações, mal-estar, cansaço, dor de cabeça, febre, emagrecimento involuntário, diminuição do número de células do sangue e alterações na pele. Uma das características mais clássicas do lúpus é a mancha na face “em asa de borboleta” que acomete de 30 a 60% dos pacientes no curso da doença.
Manifestações tardias incluem alterações nos rins, que podem levar à necessidade de hemodiálise e transplante renal, complicações nas membranas que revestem os pulmões e coração, doença neurológica, psiquiátrica, problemas de circulação, doença das válvulas cardíacas, entre outros. Outro complicador é que a atividade da doença (e o seu tratamento) aumentam o risco de infecções oportunistas.
Sintomas
Os sintomas do lúpus podem surgir de repente ou se desenvolver lentamente. Eles também podem ser moderados ou graves, temporários ou permanentes. A maioria dos pacientes com lúpus apresenta sintomas moderados, que surgem esporadicamente, em crises, nas quais os sintomas se agravam por um tempo e depois desaparecem.
Os sintomas podem também variar de acordo com as partes do seu corpo que forem afetadas pelo lúpus. Os sinais mais comuns são:
• Fadiga.
• Febre.
• Dor nas articulações.
• Rigidez muscular e inchaços.
• Rash cutâneo – vermelhidão na face em forma de “borboleta” sobre as bochechas e a ponta do nariz. Afeta cerca de metade das pessoas com lúpus. O rash piora com a luz do sol e também pode ser generalizado.
• Lesões na pele que surgem ou pioram quando expostas ao sol.
• Dificuldade para respirar.
• Dor no peito ao inspirar profundamente.
• Sensibilidade à luz do sol.
• Dor de cabeça, confusão mental e perda de memória.
• Linfonodos aumentados.
• Queda de cabelo.
• Feridas na boca.
• Desconforto geral, ansiedade, mal-estar.
Outros sintomas do Lúpus, mais específicos, dependem da parte do corpo afetada:
• Cérebro e sistema nervoso: cefaleia, dormência, formigamento, convulsões, problemas de visão, alterações de personalidade, psicose lúpica.
• Trato digestivo: dor abdominal, náuseas e vômito.
• Coração: ritmo cardíaco anormal (arritmia).
• Pulmão: tosse com sangue e dificuldade para respirar.
• Pele: coloração irregular da pele, dedos que mudam de cor com o frio (fenômeno de Raynaud).
• Alguns pacientes têm apenas sintomas de pele. Esse tipo é chamado de lúpus discoide.
Complicações
Lúpus é uma doença autoimune que pode causar complicações graves em vários órgãos do corpo. Algumas das principais complicações do lúpus incluem:
- Lesões renais: o lúpus pode causar inflamação nos rins, o que pode levar a problemas como insuficiência renal, hipertensão e proteinúria.
- Lesões no sistema nervoso central: o lúpus pode causar inflamação no cérebro e na medula espinhal, o que pode levar a problemas como dores de cabeça, confusão e convulsões.
- Lesões pulmonares: o lúpus pode causar inflamação nos pulmões, o que pode levar a problemas como bronquite, pneumonia e pleurisia.
- Lesões cardíacas: o lúpus pode causar inflamação no coração, o que pode levar a problemas como miocardite e pericardite.
- Lesões vasculares: o lúpus pode causar inflamação nos vasos sanguíneos, o que pode levar a problemas como trombose e embolia.
- Lesões no sangue: o lúpus pode causar problemas como anemia, trombocitopenia e leucopenia.
- Lesões cutâneas: o lúpus pode causar erupções cutâneas, como lúpus discoide e lúpus eritematoso sistêmico, além de fotosensibilidade e ulcerações orais.
- Lesões articulares: o lúpus pode causar inflamação nas articulações, o que pode levar a problemas como artrite.
É importante lembrar que essas complicações podem variar de pessoa para pessoa e que o tratamento precoce e adequado é fundamental para prevenir ou minimizar essas complicações.
Prognostico
Com o avanço das opções terapêuticas nas últimas décadas, a expectativa de vida dos pacientes aumentou significativamente. Atualmente, 80% das pessoas com Lúpus permanecem vivas após 15 anos de doença.
Conclusões
A doença é autoimune, ou seja, não é uma infecção transmissível, ocorrendo, na verdade, quando o sistema imunológico da pessoa está desequilibrado e perde a “unanimidade” na hora de decidir quem são os intrusos a serem combatidos. “Passa a existir uma ala de anticorpos que podemos considerar “terroristas”“. Pois eles atacam o próprio organismo, invadindo assim os diferentes órgãos e sistemas.
Independentemente de que ainda temos muito para investigar sobre a doença, é importante deixar claro algumas duvidas.
Existem tratamentos tanto farmacológicos como complementários, que tem sido comprovado, os mesmos mostram excelentes resultados no tratamento da doença.
Se você está com algum de estes sintomas, o certo é consultar um médico. Você vai precisar realizar vários exames clínicos e laboratoriais para confirmar o diagnóstico. Só não é recomendável se automedicar e muito menos ficar imaginando que tem alguma doença sem antes ter confirmado.
Os últimos estudos têm conseguido descobertas para melhorar muito a vida dos pacientes que vivem com Lúpus. Mas para isso o paciente precisa ter um controle e seguimento periódico.
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