
Nas últimas décadas tem vindo a ser estudado o Síndrome do Trauma Religioso (STR), isto é, a condição clínica das pessoas que vivem a experiência de abandono dum meio religioso autoritário e castrador. Mas a religião está muito para lá disto.
Sair duma comunidade controladora torna-se um percurso difícil, que origina confusão de conceitos e quebra de modelos pessoais, podendo até produzir sintomas semelhantes aos do Transtorno de Stresse Pós-Traumático, que muito militares trazem consigo de regresso a casa, em consequência da destruição, sofrimento e morte vividos em teatro de guerra.
Os investigadores afirmam que, apesar de cada pessoa os viver a seu modo, os impactos de ambos prolongam-se no tempo, e são caracterizados por “pensamentos intrusivos, estados emocionais negativos, convivência social deficiente, confusão mental, dificuldade em tomar decisões e pensar por si mesmo, falta de sentido ou direcção na vida, baixa autoestima, ansiedade de estar no mundo, ataques de pânico, medo da condenação, depressão, pensamentos suicidas, distúrbios do sono e alimentares, abuso de substâncias, pesadelos, perfeccionismo, desconforto com a sexualidade, imagem corporal negativa, problemas de controle de impulso, dificuldade de desfrutar o prazer ou estar presente no aqui e agora, raiva, amargura, traição, culpa, sofrimento e perda, dificuldade em expressar emoções, ruptura da rede familiar e social, solidão, problemas relacionados com a sociedade e questões de relacionamento pessoal.”
Alguém comparou a dificuldade em sair do universo fechado duma comunidade religiosa castradora, à que a mulher vítima de violência doméstica revela em se separar do marido que a maltrata. Também neste caso a vítima sente que a culpa é sua pelos problemas que enfrenta e tende a permanecer na situação na esperança de que as coisas mudem. Fazem-no porque desconhecem frequentemente outras opções de vida possíveis, ou porque têm medo do vazio e não sentem coragem de reconstruir a sua própria realidade, autoestima, senso de identidade, amor-próprio e autoconfiança.
É claro que os grupos religiosos autoritários, também denominados seitas destrutivas, são subculturas onde a conformidade é requisito de admissão, na linha duma fidelização quase canina dos fiéis, mas não caracterizam de perto nem de longe a generalidade do fenómeno religioso, que […]
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